quinta-feira, 19 de março de 2015

O que é a vida afinal?


Sempre ouvimos que o importante é curtir a vida e aproveitar ela sempre ao máximo, uma vez que ninguém sabe como vai ser o dia de amanhã, pois quem sabe nem se que estaremos vivo até a manhã.
Apesar de ser uma verdade, nós, muitas vezes acabamos esquecendo que estamos aqui apenas de passagem, ou seja, nascemos, vivemos e morremos, e muitas vezes nos achamos até mesmo imortais, como se nunca nada de mal, como uma doença ou acidente possa vir acontecer com nós.
Porém como todos pensam desta forma, logo os “outros” para uma pessoa qualquer é você, sendo assim ninguém esta livre dos males e problemas que existem neste mundo.
E algo neste contexto que é comum ouvir das pessoas é a a seguinte pergunta, “O que é a vida afinal?”
Apesar de parecer uma pergunta aparentemente simples e fácil de ser respondida, ela acaba deixando muitas pessoas confusas e sem explicações rápidas.
Mas no meu modo de ver, a vida é um dom que todos ganhamos ao nascer, e assim como um dom, é preciso cuidar e se dedicar ao máximo para tentar transformar ele, ou ela, no caso a vida em bons frutos, o que posso comparar com a felicidade.
Ou seja, a vida é o único bem que temos, é o mais precioso de todos, que ao mesmo tempo que parece eterna, é muito frágil e simples de ser tirada.
Pessoas que não tem amor a vida, ou não sabem a importância de uma vida, acabam praticando crimes bárbaros, muitas vezes por valores materiais tão insignificantes, e mesmo que fossem significantes, nunca teriam o valor de uma vida.
Pois basta imaginar ou no caso lembrar de uma pessoa querida que já perdeu a vida, é tão triste em saber que essa pessoa nunca, eu disse nunca mais vai voltar para conversar com você, te abraçar, enfim, não ao menos neste plano ou nesta vida.
Como vemos é impossível mensurar o valor de uma vida, mas é possível concluir que a vida é o dom mais maravilhoso que todos temos, por isso, cuide bem dela, evite correr riscos desnecessários, cuide bem de sua vida e busque a felicidade sempre!


quarta-feira, 11 de março de 2015

I'm Not The Only One


You and me we made a vow
For better or for worse
I can't believe you let me down
But the proof is in the way it hurts

For months on end I've had my doubts
Denying every tear
I wish this would be over now
But I know that I still need you here

»«
You say I'm crazy

Cause you don't think I know what you've done
But when you call me baby
I know I'm not the only one

You've been so unavailable
Now sadly I know why
Your heart is unobtainable
Even though Lord knows you have mine

You say I'm crazy
Cause you don't think I know what you've done
But when you call me baby
I know I'm not the only one

I have loved you for many years
Maybe I am just not enough
You've made me realise my deepest fear
By lying and tearing us up

You say I'm crazy
Cause you don't think I know what you've done
But when you call me baby
I know I'm not the only one

You say I'm crazy
Cause you don't think I know what you've done
But when you call me baby
I know I'm not the only one
I know I'm not the only one
I know I'm not the only one
And I know
I know I'm not the only one





domingo, 8 de março de 2015

Dia internacional da Mulher


Alma de Mulher

Nada mais contraditório do que ser mulher...
Mulher que pensa com o coração, 
age pela emoção e vence pelo amor. 
Que vive milhões de emoções num só dia
e transmite cada uma delas num único olhar.


Que cobra de si a perfeição e vive 
arrumando desculpas para os erros,
daqueles a quem ama.
Que hospeda no ventre outras almas, dá à luz
e depois fica cega, diante da beleza dos filhos que gera.


Que dá as asas, ensina a voar, mas que não quer ver partir
os pássaros, mesmo sabendo que eles não lhe pertencem.
Que se enfeita toda e perfuma o leito, ainda
que seu amor nem perceba mais tais detalhes.


Que como numa mágica transforma 
em luz e sorriso as dores que sente na alma,
só pra ninguém notar.
E ainda tem que ser forte para dar os ombros 
pra quem neles precise chorar.


Feliz do homem que por um dia souber,
entender a Alma da Mulher!  
(Lucinete Vieira)

Parabéns mulheres,
 principalmente á minha querida mãe, 
que é uma verdadeira mulher!!!


segunda-feira, 2 de março de 2015

Chris Martin



Coldplay é para pessoas de muito bom gosto, 
inteligentes, incrivelmente bonitas, talentosas, 
habilidosas, vencedoras, que capturam a vida. 
Coldplay é para pessoas que 
conhecem o sentido da vida. São sempre divertidas. 
(Chris Martin)

domingo, 1 de março de 2015

Arantina - OUTRORA , era bem melhor...



     Eu sou dos tempos em que Arantina, era conhecida por Arantes, ruas de terra, no tempo de chuvas passageiras, que formavam filetes de águas correntes, formando enxurradas  que desciam, rápidas e encachoeiradas, onde, eu, irmãos e amigos, bem depressa, dobrávamos os jornais formando barquinhos de papel, e, com muita imaginação, os colocavam nas águas correntes das enxurradas, que desciam a rua, do tio Joaquim ou do sr. Abeilard, hoje, rua  Ulisses Fernandes, este meu avô paterno, esta corrente de água, desembocava na praça do Cruzeiro, hoje, praça Visconde de Arantes, indo em direção ao rio Turvo Pequeno, desaparecia no boeiro, perto da casa do Sô Lico, no cantinho, com casa da tia Maria. Naquele barquinho de papel, eu, imaginava, vai... segue. Até onde? Até ali, poucos metros, menos de cem. Mas, eu sentia uma aventura, uma viagem sem destino. Poxa, era assim. Assim fui feliz.
     Meu pai, seus irmãos, os amigos, cuidavam desta pequena vila, não importavam o quanto custava. Os moradores eram amigos, parceiros e, quase sempre, parentes.
      Exemplo: cuidavam da rua principal, desde a casa da Dona Zara, a eterna professora da Vila e sua amiga Cici, (ou melhor sua filha), o eterno namorado Sr. Prudente. Seu vizinho, sr. Quinzote, fazendeiro, o Aparecido, que veio de sua fazenda, que comprou uma casa velha, onde morou dona Generosa, do outro lado, (lá pelos anos 40 e 50), tinha uma padaria, acho a primeira da Vila, nesta casa moraram meus avós paternos, Ulisses Fernandes e Maria Cândida Fernandes, depois, local de baile de forró, carnaval nos tempos de lance perfume, também, com cantadores de calango e moda de viola, ainda me lembro de um baile de carnaval, devia ter 15 anos, exagerei no consumo de lance perfume e apaguei de vez, fui retirado da sala pelos braços do tio Joaquim. ( a partir daí, aprendi o quanto é necessário dominar o emocional, nunca mais aconteceu).  De um lado e de outro, descendo a rua, no sentido praça do Cruzeiro, moravam tia Glória e tio Tatão, com os filhos, que vieram lá da beirada da linha que vai para Andrêlandia. Lembro-me de Marli, minha prima, que estudava em Barra Mansa, e quando em casa dos pais, reunia amigos, e sempre narrava os romances que ela aprendeu a gostar de ler. Em seguida, uma escola, acho que de dona Aparecida Melo, local onde morou dona América Cunha, mãe de Zé Messias, sim, o da TV, onde mais tarde, Tio João e tia Orondina, instalaram um pensão familiar, onde recebiam muitos vendedores ambulantes, como hóspedes de sua pensão; tio Joaquim e tia Camila e seu filho Licinho, (vendinha do tio, onde sempre dizia devemos beber muita água, sentir-se alegre, dar muitas risadas, pois isto faz bem à saúde). Seu vizinho, Leopoldino Basílio, (que benzia e cozia machucados), e sua mulher dona Cilinha, Sô Jáco (italiano), e dona Mariinha, com Teresa, na janela, bondosa, que me socorreu quando, ainda, bem pequeno, pés descalços,  fui picado por uma abelha que ficou presa pelo seu ferrão, no dedo do pé e que eu não tinha coragem de arrancá-la, chorando, em plena rua, em direção a minha casa na praça, foi, aí, que Teresa socorreu-me, tirou a abelha de meu dedo, passou algum líquido, que não sei o que era, e, eu. parei de chorar. O senhor Abeilard e dona Irene, seus filhos, muitos, todos novinhos, Ascendino Esperidão, grandão, passos largos e sua esposa, dona Maria, com seus pastéis cheios de ventos, sim, propositalmente, com um canudinho de bambu, os enchiam de ventos, gordinhos, no recheio, pouca carne e muita batata, que fornecia aos bares da praça. Na esquina. A saudosa dona América, para mim, a sábia da esquina, mulher alegre, risonha, que conversava com todos, que estudou em Campanha, seu marido, o Geraldo Barbeiro e a filha Elzi, (Zizi, minha melhor amiga, caçávamos passarinhos no quintal), lembro-me da captura desastrosa de um belo canarinho cabeça-de-fogo, ele foi morto pela armadilha de captura. Ainda na praça, a barbearia o Geraldo, (onde, tantas piadas picantes escutei), com uma calçada alta, onde eu gostava de sentar nas manhãs de sol, (um fato: certa vez um menino sentou-se na cadeira para cortar o cabelo; Geraldo perguntou:  
-Como quer o corte? - Nao sei, respondeu o menino. O barbeiro, numa possível brincadeira, mas, de verdade, usou a máquina de cortar o cabelos e bem rente ao couro cabeludo, passou desde a nuca até a testa, (como se fosse um roçado reto, estreito no meio da mata) e disse ao menino: - Vá até sua casa e pergunte a sua mãe como devo cortar seu cabelo. No meio da praça o majestoso e respeitado Cruzeiro (uma cruz de madeira), tendo na sua base um suporte de cimento em três degraus. Lembro-me de um ano de pouquíssima chuva, isto na década de 50, nós, a criançada, pelos moradores da praça, fomos aconselhados a banhar o pé do Cruzeiro, jogávamos baldes de água em volta da cruz de madeira, para chover, para chamar as chuvas, até minha mãe, suas vizinhas e comadres rezavam terços para que voltasse a chover rapidamente, era uma crença, sinceramente, não sei se deu resultado.                   Mais um pouquinho da praça.
        Na época, a festa do ano, centralizava na praça, muitas barraquinhas faziam a alegria da criançada, em uma destas festas, foi armado um parque de diversão, e tinha um carrossel, o preferido dos meninos, entre outras brincadeiras. Aconteceu que a geringonça não tinha motor para movimentá-lo em círculo. Devia ser impulsionado pela força dos meninos, que passavam para montar os cavalinhos de madeira, era uma delícia e uma aventura, pois, nós, meninos desmontávamos na parte alta da praça, empurrava e pulávamos sobre o dorso dos cavalinhos em movimentos e que já estavam passando na parte baixa da praça, o que dificultava muito a ação de todos nós. Isto era maravilhoso. Na parte de cima da praça, no sobradinho, morava o sr, Titito, eletricista da Companhia Sul Mineira. Na esquina da praça com rua que sobe, o Geraldo Melo, dono da padaria e dona Zenita, a dona do correio da Vila, (menino Tarcísio, criança levada, sempre de castigo, debruçado no murinho do alpendre da casa). Geraldo Melo juiz de futebol, o melhor. Quanta histórias, uma só... certa vez, em Bom Jardim, ele apitava um jogo de futebol, em determinado momento, o beque da equipe de Bom Jardim, assim era denominado o defensor de área, no início de uma jogada, ao bater um tiro de meta, a bola atingiu na nuca, o sr, Juiz (Geraldo Melo), ele, numa reação inédita, inesperada, virou e gritou: - seu F.D.P, e, o jogo continuou... foi gargalhada geral por parte dos jogadores dos dois times. Rimos muito à noite, nos bares, onde comentávamos o acontecido. 
        No centro da praça, uma escolinha Municipal, de dona Zara? Acho que sim. A Talanta, sobrinha de dona Zara, moça de fora, (acho que de Ipiabas-RJ), substituiu sua tia Zara, por uns dias, marcou sua presença, brava, exigente, até castigava os alunos, (dava bolos com régua na palma dos alunos). Na parte de baixo da praça, a casa de meus pai, José Fernandes e minha bondosa mãe, dona Zica. Que mãe, que esposa, paciente, concordava, acho que até submissa. (na época, a esposa, devia ser assim, acho). Meu pai, tinha uma venda de secos e molhados, sabe como era? Vendia de tudo, arroz, tecidos, ferraduras, enxadas, bebidas, salame e guaraná, querosene, toucinho de porco, queijo mineiro, aos montes, que delícia, até roupas feitas, me lembro quando papai, foi até a cidade de São Paulo e comprou uma grande quantidade de blusas de frio, (de lã, né), vendeu tudo. Que façanha. Nesta viagem, ele, trouxe umas capinhas de lã, modernas chique mesmo, deu uma para cada filho. Numa festinha de junho, Santo Antônio, São João, ou São Pedro, o meu irmão, mais velho, o Licinho, estava protegido pela capa de lã; aconteceu que nesta comemoração junina, soltavam buscapé, (um tipo de foguete) e, de repente um buscapé, que tinha uma bomba explosiva, em chamas, subiu por debaixo da capa de meu irmão Licinho, pelas costas, quase na altura do pescoço, explodiu, rompeu a capa, por sorte a queimadura foi superficial, felizmente, mas o susto foi grande. Ao lado, da minha casa,  a farmácia do sr. Zé Aguiar, boa pessoa, veio da cidade de Baependi, era o farmacêutico, visto como um quase médico, o homem que sabia cuidar da saúde de todos; e dona Pepenha, sua esposa. Mais adiante, o Antônio Sola e dona Maria, ele tinha um barzinho, onde, hoje, tem a boate, que gostava de ver os meninos jogar futebol, com bola de meia, isto mesmo, feita de meias velhas, das próprias mães, (pedaços de pano). Isto acontecia na rua, em frente seu bar, em frente a casa da tia Maria. (Muitas saudades). Sabia que tia Maria tinha um banquinho, debaixo de uma janela de sua casa? (Lembro-me, na mesma casa, a sala do correio, acho que era de dona Zenita, uma das filhas de tia Maria). Tia gostava de comprar caixas de maria-mole (doce), e no banquinho, debaixo da janela, ela comia e oferecia a todos, aos seus filhos, sobrinhos, comadres, a todos que ali chegava. Eu? Aceitava sempre.                                                           Bem depois de Antônio Sola, morava sr. Lico,  já idoso e sua esposa dona Ernesta. Aí, sim a casa da tia Maria, com seus filhos Dito, Cidinha, e Chiquito. Tempos bons. Já na rua da avenida, (hoje rua Manoel Correia), moravam na esquina, o Tito Seixas, sua casa foi comprada e demolida pela Prefeitura, para alargar a via (rua) em direção a Andrelândia, depois, onde, hoje, tem a boate. Em seguida, o sobradinho, do Zé de Seixas e dona Zita, uma senhora que a vi como amiga ímpar,  da qual recebi muita atenção e carinho, nesta casa, tinha um portão grande, lá pelos anos 1950 ou 60, e jardim, uma escada de cimento, que eu achava muito bonita. Depois, esta casa, pertenceu ao Tito Seixas, onde por anos atendia como pensão familiar, a pensão do Tito e dona Raimunda. Ao lado, o ponto bom, a sorveteria do Zé de Seixas, lá pelos anos de 60, é Arantina ou Arantes, tinha picolé e sorvete. Em frente, morava o sr. Anselmo Nunes, conhecido por Cimito, (diminutivo do nome Cimo) e dona Aparecida. UMA HISTÒRIA: antes da sorveteria do Zé de Seixas, foi o comércio de Manoel Correia, português, (que não conheci), seu nome está escrito como nome de rua, bem merecido por ter sido personagem importante na comunidade, seu comércio ou venda, ficava bem pertinho da linha do trem, num espaço comercial de três ou quatro portas, pela atual rua Manoel Correia, e uma porta na parte lateral fazendo esquina. Bem no cantinho, muito perto da linha férrea, outra barbearia, (entrada da casa do Hélio Seixas), a do sr. João Barbeiro, diziam os fofoqueiros da vila, o marido que apanhava da mulher, dona Sebastiana, mulata forte e valentona. Paralelo a linha do trem, corria a sobra da água da caixa dágua da rede ferroviária, em direção ao rio turvo pequeno, ainda tem uma canaleta de cimento, (é só ver), voltando a venda de Manoel Correia, havia uma porta,  fazendo esquina, explico: três portas para a Avenida e uma para o lado da linha férrea, esta propriedade pertencia ao sr. Manoel Correia, (acho que português, o qual deu nome na atual rua Manoel Correia), que veio morar e fazer parte da vila. Era a única via em direção a estação ferroviária, muito movimentada, única, (não tinha a ponte de cimento construída pela Prefeitura de Bom Jardim, nem mesmo, a primeira ponte que era de madeira, a primeira ponte construída alguns anos depois da inauguração da ferrovia que aconteceu em 1914, este local de pontes é na atual rua Dona Ovídia. Bem, o sr. Manoel Correia, comerciante rico e poderoso, numa atitude impositosa, sem explicar, certa vez, resolveu fechar a rua (avenida), com uma porteira. Quem precisasse ir até a estação férrea, deveria passar por dentro de sua venda ou pela porteira. Ele só abria a porteira quando lhe era conveniente. Certa vez, meu avô, Ulisses José Fernandes, queria e precisava levar muitos  carneiros até a estação ferroviária, para despachá-los para Barra Mansa. Deparou com a porteira fechada. Como não entendia como correto estar a porteira fechada, por vontade de um só morador. Ele, numa atitude inesperada, corajosa e rápida, isto mesmo o meu avô, Ulisses,  junto com um camarada, (serviçal), tocou, apertou, empurrou a carneirada, por dentro da venda ou casa comercial de Manoel Correia, saiu do outro lado da porteira e seguiu com a carneirada até a estação ferroviária. Foi, única alternativa para não perder o trem que levaria seus carneiros para Barra Mansa. Todos presentes esperavam uma reação autoritária e contrária a vontade do português. E, mandou arrancá-la, no mesmo dia. Desde então, a via ficou livre à todos.
          Seguindo, do outro lado, atravessando a linha férrea, fica a casa o sr. Rodrigo e dona Julieta, (hoje Museu), quanta lembrança... casa onde, pela primeira vez, comprei um picolé. Picolé feito na geladeira doméstica, acho que a única existente na vila. Eu, seguia a calçada da casa, virava e virava, ficava em frente a porta  de entrada da casa, onde tinha um jardim bem cuidado, e chamava e gritava: Dona Julieta, tem picolé? Ela prontamente trazia um picolé. No fundo do jardim tinha uma escola municipal, dirigida pela professora Didinha, depois, dona Aparecida, minha primeira professora. Lembro-me de quando comecei a estudar, fui um dia assistir as aulas, no outro, não quis voltar. Que fez meu pai? Ele me carregou no colo, desde minha casa até a porta da escola, eu em prantos no colo, chorando, mas papai, com cara de bravo, colocou-me de pé, na porta da escola e disse: entra e não saia. Eu, entrei e não saí. Isso em 1949. Continuei até terminar o terceiro ano. Pura verdade. 
         Mais adiante, morava o sr. Zé Paulino, chefe da estação, com um certo poder de autoridade, funcionário da rede ferroviária federal. Sua esposa, dona Ninica, fazia o único e gostoso doce de leite, acho que até hoje nunca encontrei doce tão gostoso, igual o de dona Ninica. Na estação, o vendedor de doces era o garoto Carlos, filho da dona do doce, conhecido com Charuto. Em direção a estação, tinha a casa do mestre de linha, sr. Albino, português, na entrada tinha um pé de uva, que tentação para a garotada na época da colheita, cheguei a colher as escondidas alguns cachos bem saborosos.
           Tinha uma casa na ferroviária, moradia dos ferroviários (os guardas chaves), acho que ali morou Ernesto Ferreira, que veio a casar com minha tia Amélia Fernandes, que mudaram para Minduri, onde viveram por muitos anos.
            No meio das linhas férreas, até hoje, a estação, ponto de embarque para Barra Mansa ou Ribeirão Vermelho, dependendo do destino do passageiro. Ali, estava o ponto de diversão dos moradores da comunidade. As 19 horas e 30 minutos, passava o trem vindo de Barra Mansa, conhecido por misto, isto porque transportava passageiros e cargas, era uma pequena festa, muitos moradores, como em procissão se dirigiam até a estação para ver o "misto" passar. Gente que desembarcava e embarcava, as plataformas ficavam cheias de gente, acontecia, até flerte, (namoro), entre moradores e passageiros. Todos se divertiam muito. Depois, mais em baixo, a beira da ferrovia, ficava a casa do tio Nenê (irmão de minha mãe) e tia Mariana, sua filha, a madrinha Quita. Lembro-me dela, no trem, que a levaria até a cidade de Aparecida. Chorava. Eu, sem entender e muito inocente, talvez, perguntei a quem estava perto: - Ela está chorando, por que? Se vai casar, deveria estar alegre, ponderei. Recebi com resposta: - É a emoção.  Descendo a margem da ferrovia, a casa de dona Gabriela, irmã de dona Cilinha do Leopoldino, mãe de bonitas morenas, (duas de suas filhas trabalharam para minha mãe); poxa,  que belas lembranças eu ainda conservo. Ainda, na margem da ferrovia, sentido a Andrelândia, a casa do sr. Antônio Levindo, sua mulher e seus filhos, Toninho Pereba, meu amigo, mais tarde meu compadre por duas vezes, sendo padrinho de dois filhos seus. Depois, a casa do tio Tatão e tia Glória, já fora da vila, onde tinha um belo farto pomar, pés de uvas, sobre um Girau de bambu, muito alto, mais alto que as janelas da casa, isto, para criançada não colher uvas fora do tempo; várias frutas que hoje não temos por aqui, como marmelo, a tia Glória adorava fazer marmelada, isso lá pelos anos 50 ou 60, depois eles mudaram para a rua central da vila. Quase me esqueci, do espaço entre as linhas férreas, em Largo da estação, muitas vezes ladeado por pilhas enormes de lenha, para abastecer as máquinas a vapor, as chamadas Maria Fumaça, que mais parecia um monstro ao expelir  o vapor, a fumaça, a emitir um barulho intenso, o largo da estação era tudo: o campo de futebol da criançada, o local de jogar bete, um  tipo de jogo, onde acontecia as diversões, as brigas, onde nós, aprendemos a nos defender, a safar de situações adversas de pó de carvão, com o frio da tarde, ficava difícil lavar bem os pés nas águas da caixa dágua, que existia entre as linhas da ferrovia. Mesmo depois de lavados eram moreninhos de sujeiras. Esta  caixa dágua jorrava água dia e noite. De manhã e a tarde, acontecia maior concentração de meninos para encher as latas com água, que seriam levadas para casa, pois, a vila não tinha água encanada para todos. Momento em que muitos se atracavam, pequenas brigas, entre  a garotada, por motivos simples, por dizer apelido (desagradável), por molhar quem estivesse por perto, até mesmo, por furar a fila ao pegar água da caixa. Com tudo isso, afirmo, era muito divertido. Tenho que falar na praça do sr. Prudente (foi o eterno namorado de dona Zara, acho que por uns 30 anos, em frente a sua venda de secos e molhados, um espaço mais largo que as ruas, com grama verde, servia até de campo de bola e a bola era de borracha vermelha. Sempre tinha uma briga de meninos, até parecia mais uma brincadeira, era todos os dias. Oh,  garotada briguenta...
          Hoje, vejo o meu Arantes, a minha Arantina, bem diferente, veio o progresso, desenvolvimento regional, emancipação, Arantina, passou a ser administrada pelos próprios moradores, junto veio a esperança e algumas melhorias aconteceram sim. Depois veio a rivalidade, a inveja, a ganância, as disputas eleitorais, rancores e inimizades. Acho que entendemos isso como fatores da democracia, (é mesmo). De bom??? Muita coisa, novas escolas, prédio próprio, emprego municipal, integração com outras cidades com melhorias de estradas. Dentro do contexto atual, está tudo bem, mas  eu queira que o tempo voltasse. Que pena, não volta mais... 
             A praça do comércio do sr. Prudente, a rua principal, o largo da estação e a margem direita da ferrovia;  foi o pequeno mundo em que vivi na infância, na adolescência e na  juventude.   Tempo em que sempre fui feliz. 
                 Agora está muito bom... mas, outrora era bem melhor.
   

                                                   Texto - *João Ferreira Fernandes*
                   (Meu tio e padrinho)