A existência passa muito rápido. Ela segue as diretrizes traçadas pelo tempo. Seu relógio parece ser acelerado cada dia mais.
Naturalmente nascemos, crescemos e morremos.
Sem que percebamos o tempo vai se consumindo,
como água diluída em nossas mãos. Não há como detê-lo.
As fotografias são o registro datado de nossa história. É como se ela
fosse congelada, em fração de segundos e voltasse ligeiramente ao
cursor. Impossível pará-la. Só nos é permitido dar crédito à sua
memória. Pelos retratos de um simples flash contemplamos o passado e
voltamos a viver as suas emoções no presente. Como é bom olhar para os
fatos ocorridos com o coração agradecido e sempre pedir perdão pelas
falhas cometidas. Perdoar a nós mesmos e também os que feriram nossa
alma.
Só o tempo para dizer se estamos certos ou agimos de forma errada. E a
vida segue seu caminho. Pessoas entram em nossa história e, logo em
seguida, não estão mais presentes. Outras se mantêm um pouco mais, porém
nos são tiradas quando menos esperamos. É a morte dos nossos queridos e
também de uma parte de nós. Morremos com aqueles que partem, pois
depositamos um pouco de nossa essência em cada coração que nos é
conhecido.
Hoje, estamos em um lugar, realizamos planos e amanhã somos
convocados a assumir novos desafios. Temos nos tornado indivíduos que
não param. Difícil cair na rotina em um mundo tão agitado. É tanto
movimento que acabamos por nos perder. E aqui está o problema do tempo,
quando ficamos perdidos de nós e daqueles que amamos.
Há alguns que o vivem mal. Não dão atenção merecida aos problemas que
dependem somente deles para serem solucionados. Trocam de pessoas como
se substitui um objeto quebrado por outro. Não se tem mais tempo a
perder consertando relacionamentos. Deixam de lado a dimensão do cuidado
e partem para a aventura seguinte. “Que venha o próximo ou a próxima” é
o pensamento que rege algumas pessoas. O importante é viver o momento.
Mas, nem só de temporadas vive o humano. Quando o coração cria raízes
chegamos à lucidez da revisão de vida. E aí teremos que nos enfrentar
como num espelho. Veremos nossos comportamentos sendo refletivos diante
de nós.
Fico a pensar no quanto desperdiçamos tempo. Gastamos energia com
situações que não mereciam tanto nervosismo. Ficamos chateados, nos
deixamos dominar pelo desânimo, nos mantemos atados às mágoas. Basta
ficar em um atendimento para perceber como as pessoas se irritam com ou
sem razão. Independente do ocorrido, viver com os nervos a flor da pele
não compensa. Só nos prejudica a alma, inclusive criando problemas
cardíacos. Nem todos passam por isso, mas há casos de pressão alta
provocados pela raiva contínua.
As palavras mais atuais nos dicionários da vida têm sido: afobação,
ansiedade, inquietude, preocupação, pânico, abatimento e depressão.
Todas vêm à tona quando falta esperança. Por isto, é tão importante
olhar a própria história com os olhos de quem crê. Não para nos
iludirmos, mas para vermos a existência em profundidade, sem sermos
superficiais. Aquele que tem fé é capaz de colocar Deus como o eixo que
fundamenta o relógio de sua vida. Mesmo na dúvida, continua crendo; ao
contrário de quem vive de confianças passageiras. Quem confia segue
adiante.
Respeitemos o tempo, pois o Pai Eterno o plenificou quando inseriu
seu Filho amado na história. Por isto, unidos à pessoa de Jesus,
conduzamos nossa vida com a dignidade que ela merece. Demos depoimento
Daquele que cremos, não somente por palavras, mas com atitudes
concretas. Ninguém irá crer sem ver nossas obras. Se não fazemos
diferença, assumindo a evangelização e sinalizando a vida para Deus há
algum distanciamento do Evangelho que professamos. Fé e prática são
lados de uma mesma espada.
Demos testemunho do tempo presente, para que assim ele também dê
testemunho de nós. Assim, quando chegarmos ao término desta existência e
partirmos rumo à Fonte de nossa vida, que é Deus, seguiremos com a
consciência do dever cumprido, sem obrigações, mas por escolha livre e
responsável!
Pe. Robson de Oliveira, C.Ss.R.
Missionário Redentorista, Reitor da Basílica de Trindade e Mestre em Teologia.
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